12 junho 2013

Uma nova canção.




- Não me obrigue a tomar decisões trágicas com você. - minha mãe já estava á um ponto de explodir toda sua raiva; ignorando-a eu fui para meu quarto arrumar as malas, como de costumo, deixando que ela se irritasse ainda mais. Como vocês perceberam minha mãe tem um ótimo astral pela manhã e principalmente quando o assunto sou Eu e minha Carreira, ela extravasa ! 
Não vou mentir, eu amo o que faço, cantar, compor é minha vida, é tudo que eu quis. Mas ser um cantor que tem já tem "sucesso" não é nada fácil; tem sim muitos e muitos benefícios, é simplesmente incrível a sensação de ver muitas pessoas gritando e cantando suas músicas ou se declarando o quanto ama você, é um sensação incrível, inesplicavel, inesquecível, incomparável, espetacular e única! Mas nem tudo são flores, não é mesmo? Sair para o shopping, praça, parque, até mesmo uma sorveteria, são coisas que eu não posso mais fazer, é gosto sim, eu sei que é, mas não consigo. São pequenos hábitos que nos deixam felizes, não que eu não sege, não me leve a mal, mas um cantor/a não pode fazer essas simples coisas em paz, sem ser notado, falado ou criticado. E digo, isso é horrível ! 
Enfim, ainda falando da minha querida mãe, ela sempre fala que vai tomar alguma decisão "drástica" pra mim e o mais engraçado é que isso nunca acontece. Ilário! Pra minha mãe - que é minha empresária e que se chama Gislaine - não pode sair sem falar para ela, não posso ficar com quem e quantas eu quero? Qual é, eu sou homem. E outra, já tenho idade suficiente - 18 anos - para assumir as consequências do que faço. Talvez seja só medo de mãe, mas talvez seja que não, as vezes isso parece até paranóia da cabeça dela. 
Terminando minhas malas, eu olhei para a janela, onde o sol já estava brilhando e caminhei até lá. O dia estava mesmo lindo. Voltando-me para o quarto, eu separei uma roupa e fui tomar meu banho. Ao sair, me arrumei, peguei as chaves do meu carro e desci para a sala, onde minha mãe já estava á minha espera. Sorri grande e fui saindo de casa, indo para meu carro e ela com certeza fez o mesmo no seu. Hoje, eu teria mais uma das entrevistas marcadas e anoite mais um show, que por sinal é perto de casa. 

- A partir de amanhã você esta de férias. - anunciou minha mãe me olhando. Eu havia acabado de chegar do show e estava cansado, minha mente precisa descansar e eu mal conseguia entender algo. 
- Como assim férias? Eu tenho show semana que vem inteira. - ri debochando dela, ela sorriu e se virou á mim. 
- Eu não marquei mais show algum pra você, pelo menos não por enquanto, você vai tirar férias, vai ficar um pouco sozinho, pensar na sua vida, compor, enfim ... você entendeu. - anotou algo em sua agênda, me deixando de lado e sem entender mesmo. 
- Você só pode estar brincando, não é mesmo? - ainda olhando para ela, eu perguntei inútilmente. 
- Claro que não. - exautou-se. - Estou falando sério, você precisa disso com urgência. Ficar longe dessa cidade, será ... - ela buscou as palavras e me olhou. - ah, vai ser bom pra você. - sorriu de lado, saindo da minha frente. 
- Eu não vou para para Itália? Como assim? - quando eu fui tomando conciência da minha pequena "discussão", eu saltei do sofá e corri para alcançar minha mãe, mas era tarde, ela já havia entrado no quarto e fechado a porta. 
- Eu já tenho 18 anos, já tomo minhas próprias decisões. - exclamei alto e irritado. 
- Não me interessa isso. - ela disse irônica, abrindo-a porta em minha frente. - Enquanto estiver morando comigo, vai me obedecer. - e quando ela ia entrar novamente, virou-se dizendo. - Sou sua empresária além de tudo, e sei do que estou falando. 
- Eu não vou Gislaine. - as vezes eu não á chamava de mãe, principalmente em discussões como esta. - Eu não preciso dessas coisas, estou bem assim. - reclamei.

- Tem certeza? - sua surpresa com minha fala fora tão grande que ela fechou á porta atrás de nós e me encarou falando. - Você sai todos os dias para baladas; volta de manhãzinha; não dorme direito e acaba não indo aos programas, as entrevistas; muitas vezes vai porque eu tenho que te chamar, te empurrar da cama; fica com um monte de garotas de uma vez só e nem liga pro que a emprenssa esta falando ou esta soltando pro "mundo" todo, sobre você. - deu ênfase na palavra. - Suas fans estão preferindo ver show gravados do que ir ao shows ao vivo e outra, quem fica correndo atrás de você são apenas pessoas que querem seu dinheiro ou sexo e você não esta nem ai. - ela estava tão alterada que eu não consegui abrir a boca pra falar nada. - Há, e sabe o que eu ando vendo nas redes sociais? - ela perguntou, mas nem deixou eu responder. - Sua fans todos os dias postam que estão decepcionadas com você. - sua expressão agora estava bem mais triste e ela estava surpresa ao ter que dizer isto, eu por outro lado, estava imóvel sem conseguir dizer algo. - Isso cansa. - foi apenas o que disse antes de entrar para seu quarto novamente. 
A cada palavra que saiu de sua boca, foi invadindo meus pensamentos de tal forma que eu não pude evitar de pensar mais sobre esse assunto. Aprofundando cada vez mais, eu percebi que tudo que minha mãe - ou empresária - disse era verdade, pelo menos em algumas partes sim. Minha vida ultimamente não tem sido tão boas pensando pelo raciocínio dela, mas será? Meus pensamentos ficaram rondando boa parte da noite e quando meus olhos já não aguentava mais ficar abertos, eu adormeci. 
Na manhã seguinte, eu levantei com dor de cabeça, caminhei até meu banheiro e tomei um belo banho, vesti apenas uma bermuda e desci para tomar meu café da manhã. Beth, á empregada sorriu ao me olhar e já subiu para arrumar meu quarto, enquanto eu me sentava junto aos meus pais. 
- Bom dia. - falei me sentando, olhei para a mesa e fiquei pensando no que comer.
- Bom dia. - responderam em coro. Meu pai que estava lendo o jornal, parou e ficou me olhando. 
- Bom, você sai hoje por volta das 11 horas. Carlos vai te levar. - anunciou meu Pai, eu parei de tomar meu leite e o encarei. 
- Como assim? Vocês ainda estão com aquela história? - minha pergunta era um pouco inútil, mas eu não ia desistir.